Não sei bem por onde começar o primeiro post - escrito por mim - deste blogue recém-nascido. Sei que quero falar do que aquilo que deu origem ao blogue: a minha relação com a comida.
Gosto de comer? Gosto.
Gosto de comer bem? Mais ainda.
Para dizer a verdade, é dos meus maiores
prazeres. Sempre foi, desde que me lembro. Trocava presentes de aniversário por
idas ao Café Correia, em Vila do Bispo, para me poder deliciar com os percebes mais frescos de
que tenho memória, e o melhor camarão guisado que comi até hoje.
Enquanto esperava pela nossa mesa – o Café
Correia sempre foi concorrido (então em agosto, nem se fala) – ia à tasca do
lado comer uma sandes de moreia frita. Para abrir mais ainda o apetite.
Lembro-me disto como se fosse ontem. Entre os
10 e os 14 festejei, religiosamente, o meu dia de anos ao lado da Dona Lilita.
Nunca foi especialmente simpática ou atenciosa (antes pelo contrário), mas também, não eram as calorosas receções da Dona Lilita que nos levavam lá.
Um dia, quando (e se) tiver filhos, espero que
gostem de comer. Gostem de comer bem, para que, também eu, como os meus Pais connosco, possa vivenciar aventuras gastronómicas em família. Tenho
tantas memórias criadas à volta de refeições. À volta da mesa.
Depois de os meus Pais me
dizerem a mim e aos meus irmãos que se iam divorciar, fomos à Churrasqueira
do Campo Grande. Quando a minha Mãe soube que estava doente e que ia ser
operada dali a menos de uma semana, fomos ao ‘nosso’ chinês em Algés.
Quando a minha Mãe estava em tratamentos, e os meus irmãos passavam muitos fins-de-semana em casa do meu Pai, fomos tantas vezes, só as duas, jantar. Nessa altura difícil, lembro-me de ter suplicado à minha Mãe para me levar ao Hard Rock porque estava desejosa de comer ribs. Mais que isso, queria sair de casa, e ter o prazer de ir com ela, sozinha, a um restaurante. Não consigo explicar porquê.
Quando a minha Mãe estava em tratamentos, e os meus irmãos passavam muitos fins-de-semana em casa do meu Pai, fomos tantas vezes, só as duas, jantar. Nessa altura difícil, lembro-me de ter suplicado à minha Mãe para me levar ao Hard Rock porque estava desejosa de comer ribs. Mais que isso, queria sair de casa, e ter o prazer de ir com ela, sozinha, a um restaurante. Não consigo explicar porquê.
Sempre que passava de ano na escola, ia,
sozinha, com o meu Pai ao Midori na Penha Longa comemorar. Durante largos anos,
no dia 18 de setembro, dia de aniversário do meu Pai, íamos ao Aya festejar
(quando ainda ficava na Rua das Trinas, e ainda era o único japonês em Lisboa).
Tinha 6 anos quando comi, pela primeira vez, sashimi (de salmão...para os iniciados em comida nipónica).
Quando o meu Pai saía de casa
antes de acordarmos, e voltava já nós estávamos a dormir, fez um acordo
connosco – uma vez por mês levava-nos a um restaurante da nossa escolha. Não
iria com os três, levaria um de cada vez para saber de nós, e, para cada um poder
escolher onde ir. A escolha dos restaurantes lá em casa sempre deu azo a discussões acesas, cada um a puxar a brasa à sua sardinha. Naquela altura lembro-me fã acérrima da Casa dos Passarinhos...até à data, continuo sem provar melhor bife da pedra.
Segundo
me dizem, quando tinha dois anos pedi, na Ericeira, encarecidamente aos meus
Pais para me comprarem “só” dois quilos de percebes.
Nutro
um profundo amor pela comida. Desde sempre. É das minhas relações mais
duradouras.
Não imagino, nem quero imaginar, não comer aquilo que quero, sempre que assim me apetece. Se um dia ficar uma bola, e tiver que fazer dieta, tenho quase a certeza que entro em depressão.
Não imagino, nem quero imaginar, não comer aquilo que quero, sempre que assim me apetece. Se um dia ficar uma bola, e tiver que fazer dieta, tenho quase a certeza que entro em depressão.
Profunda.

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